Autobiografia

 

Eu, Maria Isabel Belo Braz, nascida a 4 de Outubro de 1967, sou natural da freguesia de Unhos, do conselho de Loures no distrito de Lisboa.

Filha de pais alentejanos, que foram um dos muitos casais que nos anos 60/70 decidiram tentar a sua sorte na grande capital, em busca de um trabalho e de uma vida melhor que aquela que lhes era oferecida na sua terra natal.

Assim, durante alguns anos, o meu pai trabalhou na Lisnave e a minha mãe trabalhou na TAP, empresas essas que na época eram das mais prósperas do país, empresas que ofereciam a familias vindas um pouco de todo o país o emprego que tanto desejavam e que as ajudava a conseguirem conquistar um nível de vida suficientemente estável para lhes permitir constituir família, daí eu e os meus irmãos ter-mos nascido no distrito de Lisboa, onde passámos os primeiros anos da nossa infância.

 

Mas, sobretudo o meu pai, cedo se cansou da rotina e azáfama diária da grande capital e decidiu regressar às suas origens alentejanas, deixando para trás a vida citadina. 

Tendo apenas 5 anos de idade, os meus pais trouxeram-me então para o alentejo, pelo qual penso que hoje em dia já me posso considerar também alentejana.

 

Em 1972, com apenas 5 anos de idade fui matriculada na Escola Primária de Castelo de Vide, onde fiz os meus primeiros 4 anos de escolaridade.

 

Em 1976, ainda em Castelo de Vide, entrei para a Escola Preparatória Garcia de Orta, onde fiz os 5º e 6º anos de escolaridade.

Como entretanto os empregos que os meus pais tinham no Alentejo não eram tão rentáveis como os que tinham em Lisboa, devido à falta de recursos económicos, nem a mim nem aos meus irmãos nos foi permitido estudar mais para além do 6º ano de escolaridade que era o nível de escolaridade obrigatória naquela época, por isso, tanto eu como os meus irmãos tivemos que começar a trabalhar desde bastante jovens para ajudar a fazer face às despezas familiares.

 

Entre os 12 e os 16 anos, eu trabalhei como aprendiza de alfaiate na que era então a alfaiataria local em Castelo de Vide, a "Alfaitaria do Sr. Conchinha", onde aprendi a confecionar e reparar roupas de homem.

Mais tarde com 16/17 anos de idade, no auge da minha adolescência e com uma enorme sede de aprender coisas novas, queria aprender a fazer de tudo um pouco, estando os meus interesses e curiosidade, talvez por ter crescido entre rapazes,  sempre mais despertes para atividades que naquela época eram consideradas mais "masculinas", como tudo o que envolvia eletrónica ou qualquer outra coisa que se pudesse "montar e desmontar".

 

Mas nem sempre podemos fazer o que mais gostamos como meio de subsistência, e assim, sob influência de alguns familiares e amigos acabei por ter que me "virar" para atividades mais "femininas" e aprender a fazer de tudo um pouco não só na área da costura e alfaiataria, como também na "arte" dos bordados tradicionais portugueses como por exemplo os "Bordados de Nisa" ou as "Tapeçarias de Arraiolos" entre outros.

 

Durante alguns anos, trabalhando para algumas das fábricas de de Tapeçarias de Arraiolos e para algumas boas clientes particulares, foi com a "arte"  dos "Bordados de Nisa" e das "Tapeçarias de Arraiolos" que eu consegui, não só adquirir um excelente meio de subsistência, como também ajudar a família a fazer face a algumas despesas, até casar.

 

Depois de casar, deixando um pouco de lado tudo o que tinha aprendido até então, dediquei-me quase por exclusivo a ajudar o meu marido, que vivia sobretudo do cultivo e comércio de produtos agrícolas, e assim, mais uma vez me vi a aprender algumas coisas novas das quais ainda hoje me orgulho muito de ter aprendido...

 

Aprendi a "arte" da agricultura e aprendi a respeitar e valorizar o trabalho e as "gentes do campo" e que do campo vivem, "gentes" essas que tanto me ensinaram da vida e tanto de si mesmas me deram.

Apesar de no início ser considerada e tratada como uma "menina de cidade", desde vizinhos a alguns familiares e amigos do meu marido, sempre me acarinharam e aceitaram como sendo da família. 

Algumas dessas "gentes" já não estão entre nós e deixaram muitas saudades ... outras, porque as nossas vidas seguiram rumos diferentes, estão agora mais longe, mas todos eles estão sempre presentes, perto de mim no meu coração...

 

Aprendi a ser mãe e a lidar com tudo o que isso implica, desde a imensa e inexplicável felicidade de ver o primeiro sorriso dos meus filhos ou testemunhar as suas primeiras inocentes traquinices, à angústia e aperto no coração ao vê-los cair no chão ou vê-los ficar doentes pela primeira vez, sem saber o que fazer para ajudá-los a melhorar.

 

Mas porque a vida é feita de coisas boas, mas também de coisas menos boas que nós nem sempre escolhemos ou desejamos viver, o meu casamento, tal como muitos outros, não correu tão bem como seria de desejar e chegou um momento em que a separação/divórcio era inevitável e havia que "recomeçar de novo"...

 

Não é fácil "recomeçar de novo", e muito menos o é "sózinha" com três filhos em idade escolar que tanto dependem de nós, e por quem ter às vezes que lutar "contra tudo e todos" ...

Mas eu sempre fui uma "guerreira" e para "recomeçar de novo" decidi investir na minha formação e fazer algo por mim mesma, algo que me desse prazer, que me desse gosto aprender, mas que ao mesmo tempo me permitisse estar com os meus filhos e acompanhar o seu dia a dia, o seu crescimento, sem descurar as minhas obrigações de mãe e não abdicando dos momentos que eu pudesse passar com eles.

 

Assim, unindo o útil ao agradável, decidi inscrever-me no Centro de Formação Profissional de Portalegre que me ofereceu um vasto leque de escolha de Cursos de Formação para Adultos, entre os quais o "Curso de Técnicas Auxiliares de Ação Educativa".

 

De Dezembro de 2003 a Janeiro de 2005, frequentei então o Curso de Formação para Adultos, "Técnicas Auxiliares de Ação Educativa", com equivalência ao 9º ano de escolaridade, o qual, talvez por ser mãe e ter alguma experiência com crianças, me foi bastante fácil e gratificante frequentar e através do qual adquiri, não só o 9º ano de escolaridade, como também o Certificado de Auxiliar de Ação Educativa (vigilante/acompanhante de crianças) que só por si só, foi uma excelente "arma" que posteriormente me abriu portas e ajudou posteriormente a ser selecionada para trabalhar em alguns infantários.

 

Logo após ter dquirido o Certificado do Curso de Técnicas Auxiliares de Ação Educativa, fui contratada para trabalhar na instituição onde tinha feito a Formação em Contexto de Trabalho do referido curso, o Centro Social e Jardim Infantil de São Cristóvão de Portalegre, onde trabalhei como Auxiliar de Ação Educativa desde o início de Março até ao final de Setembro de 2005.

 

Findo o meu primeiro contrato como Auxiliar de Ação Educativa e na impossibilidade de renovação de contrato por parte da Instituição que já estava a atravessar por algumas dificuldades financeiras, vi-me em situação de desemprego, mas não permaneci inativa durante muito tempo...

 

Em Outubro de 2005, passado menos de um mês em situação desemprego, fui selecionada para trabalhar como Auxiliar de Ação Educativa no  Centro Social Infantil "O Girassol" de Portalegre, onde permaneci até esgotar o meu Subsidio de Desemprego e Subsídio Social de Desemprego Subsequente em Outubro de 2007, findo o qual a Intituição me contratou para trabalhar por mais algum tempo.

 

No Início de Abril de 2007, continuei a trabalhar como Auxiliar de Ação Educativa no Centro Social Infantil "O Girassol".

Por razões que prefiro não referir, a meados de Junho de 2008, rescindi o meu contrato com o Centro Social Infantil "O Girassol" e fiquei novamente em situação de desemprego.

 

Aproximadamente dois meses mais tarde, em Setembro de 2008, ainda em situação de desemprego, uma vez mais como Auxiliar de Ação Educativa, comecei a trabalhar nas salas de Ensino pré-escolar da escola da Praceta de Portalegre, que funcionavam sob gerência da Câmara Municipal de Portalegre, no Centro Social de São Lourenço.

 

A meados do mês de Julho de 2009, com a aproximação do final do ano lectivo pré-escolar, na incerteza de uma nova contratação e estando com alguns problemas de saúde que me impossibilitavam de fazer demasiados esforços, decidi, uma vez mais, dedicar-me a algo que me desse prazer aprender e ao mesmo tempo tentar aprofundar um pouco mais os meus conhecimentos sobre o mundo da Eletromecânica.

 

Assim, a 03 de Agosto de 2009, iniciei o "Curso Técnico de Mecatrónica Automóvel" de Nível 3 com equivalência ao 12º ano de escolaridade, no Centro de Formação Profissional de Portalegre, Curso esse que, apesar de ter frequentado até ao final, a meados de Novembro de 2010, acabei por não concluir com aproveitamento uma vez que não validei a última Unidade da Formação Tecnológica, e não entreguei o PRA do referido curso, pelo qual no final não obtive nem o Certificado de Técnico/a de Mecatrónica Automóvel, nem o Certificado de Habilitações que me atribuiria o 12º ano de escolaridade.

 

Talvez se pudesse considerar um "desperdício" o tempo de dispendi com o Curso de Mecatrónica Automóvel, uma vez que acabei por não o validar totalmente, mas tendo em conta as poucas probabilidades que teria de encontrar emprego na área da Mecatrónica Automóvel num país onde esta atividade ainda se considera maioritáriamente "masculina", considero que não foram totalmente "desperdiçadas" as aprendizagens que obtive ao longo dessa Formação,

 

Apesar de tudo, devido ao excelente desempenho dos Formadores do IEFPP, considero que consegui aprender um pouco mais, sobre o fascinante mundo da Eletrónica e da Mecânica, considero então que os objetivos que me levaram a inscrever-me nesse curso foram assim atingidos e ainda fiquei com toda a Formação Base validada para posteriores Formações, o que se revelou bastante útil pouco tempo depois.

 

A 18 de Março de 2013, tendo toda a Formação Base validada no Curso "Técnico/a de Mecatrónica Automóvel", iniciei um outro Curso no Centro de Formação Profissional de Portalegre, o Curso "Técnico/a Auxiliar de Saúde",  um Curso que considero ser não só bastante útil a nível pessoal, como também bastante produtivo e com mais e melhores perspectivas de saída profissional que o Curso anteriormente frequentado por mim.

 

O Curso Técnico/a Auxiliar de Saúde teve início a 18 de Março de 2013, ainda está a decorrer no momento da elaboração desta Autobiografia, e terá o seu términus a 17 de Junho de 2014, e ao contrário do que sucedeu com o Curso de Mecatrónica Automóvel, estou convincente que irei terminá-lo com bastante exito e com todas as suas Unidades de Formação validades com uma boa avaliação, e com ele, espero poder vir a ter oportunidade de demonstrar que posso ser uma excelente Técnica Auxiliar de Saúde.